GalinMais da metade dos idosos de classe média nos EUA acredita que suas economias não serão suficientes para a aposentadoria, segundo dados publicados em novembro pelo Pew Research Center. John Y. Campbell , professor de Economia da cátedra Morton L. e Carole S. Olshan, não se surpreende com a preocupação das pessoas.

“O que me preocupa é que nem sempre são as pessoas certas que estão preocupadas”, disse Campbell, coautor do novo livro “Fixed: Why Personal Finance is Broken and How to Make it Work for Everyone” (Consertado: Por que as finanças pessoais estão quebradas e como fazê-las funcionar para todos).

No livro, Campbell e Tarun Ramadorai, do Imperial College London, argumentam que o sistema financeiro age como um "Robin Hood às avessas", preparando os mais vulneráveis ??para o fracasso. Em uma entrevista editada para maior clareza e concisão, Campbell detalhou os desafios de poupar para a aposentadoria e o que pode ser feito para superá-los.

A expectativa de vida é alta; se você se aposentar aos 65 anos, precisará financiar décadas de despesas de vida. Muitas pessoas subestimam o quanto precisam acumular em um plano de previdência como o 401(k) ou um IRA para financiar uma aposentadoria dessa duração. Além disso, as famílias tendem a ser menores e há menos pessoas com quem contar. E moradia e ensino superior são muito caros — para muitas pessoas que frequentam a faculdade neste país, o ensino superior impõe um grande endividamento, o que torna muito mais difícil poupar para a aposentadoria. 

Mas também existe um desafio decorrente da complexidade do próprio sistema financeiro. Se você se sente confuso e não sabe o que está fazendo, naturalmente fica muito ansioso. Infelizmente, uma reação humana muito comum é ignorar o problema, dizendo a si mesmo que lidará com ele mais tarde. Isso é um grande erro.

Alguma desigualdade no setor de serviços financeiros é inevitável: por exemplo, existem custos fixos para a prestação de um serviço financeiro, e esses custos fixos representarão um obstáculo proporcionalmente maior ao retorno para um pequeno poupador.

Mas também existem diferenças que surgem porque muitos produtos financeiros exigem habilidade para serem gerenciados. Se você não tiver habilidade, cometerá erros que gerarão receita para os provedores de serviços financeiros. Eles podem embolsar uma parte desse lucro, mas também estão competindo por clientes, então parte dessa receita será repassada na forma de preços mais baixos inicialmente. 

Consequentemente, se eu souber o que estou fazendo, vou obter um produto barato que só é barato devido à receita gerada pelos erros cometidos por outras pessoas — geralmente pessoas mais pobres e menos instruídas. 

Deixe-me dar alguns exemplos. Se você paga uma multa por atraso porque se esqueceu de pagar a fatura do cartão de crédito, essa receita pode ser usada pela operadora do cartão para oferecer milhas aéreas ou programas de cashback, dos quais os consumidores mais experientes se beneficiam. Ou, no caso de hipotecas: consumidores mais ricos e com maior nível de escolaridade têm maior probabilidade de refinanciar uma hipoteca de taxa fixa em um momento oportuno e acabam pagando muito menos ao longo do tempo. Essencialmente, trata-se de uma manobra inversa de Robin Hood, na qual o dinheiro é tirado dos mais pobres e dado aos ricos. 

O desafio reside, de fato, na interação entre a psicologia humana e o sistema financeiro. As forças de mercado do capitalismo atendem à demanda que está sendo expressa, em contraposição à demanda que seria expressa se as pessoas soubessem o que estavam fazendo. 

Mas isso não é determinante. As pessoas detestam pesquisar produtos financeiros porque acham as finanças pessoais confusas, então acabam ficando com o banco que já conhecem. Isso é um grande erro. As pessoas podem mudar completamente suas vidas simplesmente se esforçando um pouco mais para pesquisar. E, claro, você pode fazer pequenas mudanças, como programar uma transferência automática de dinheiro para a poupança a cada pagamento.

À medida que as pessoas se conscientizam das desigualdades, tornam-se muito desconfiadas das instituições financeiras. Nessas condições, algumas pessoas buscam alternativas ao sistema financeiro formal. Podem guardar dinheiro debaixo do colchão e perder os juros; podem pedir dinheiro emprestado a amigos e familiares ou recorrer a agiotas; ou podem investir em criptomoedas. Isso é trocar seis por meia dúzia. 

Precisamos de financiamento formal; é mais seguro do que as alternativas e financia investimentos para o futuro. É por isso que não somos revolucionários: queremos reformar o sistema e preservar as instituições tradicionais. 

Defendemos uma intervenção regulatória para promover um conjunto de produtos financeiros simples e bem concebidos, com os quais a maioria das pessoas possa começar. 

Um exemplo disso seria o acesso aos planos 401(k), que atualmente estão disponíveis para quem trabalha em grandes empresas, mas não tanto para quem trabalha em empresas menores e para autônomos. E quando você muda de emprego, pode acabar com vários planos 401(k) e ter que se lembrar de transferir os saldos uns para os outros, e assim por diante. 

Nosso kit inicial incluiria um plano 401(k) oferecido a você no seu primeiro emprego, mesmo que você seja um adolescente empacotando compras no supermercado, e que você deveria manter por toda a vida. Eu diria que deveria ter uma estrutura Roth, mas isso é um detalhe técnico. O ponto principal é ter acesso mais amplo e simplificado a um produto de poupança para a aposentadoria. 

É sempre melhor consultar um consultor financeiro. Mas, como regra geral, o ideal é se aposentar com o equivalente a seis anos de renda guardada. Aos 50 anos, você deve ter o equivalente a cerca de quatro anos de renda guardada e planejar acumular o restante nos últimos 15 anos da sua vida profissional. 

Mas esse número depende, em parte, da taxa de retorno que você pode obter com esse dinheiro, porque na aposentadoria você não gasta apenas o capital principal que economizou, mas também a renda dos investimentos. O rendimento dos títulos indexados à inflação é um bom indicador de uma taxa de retorno segura. Durante grande parte da década de 2010 e até o início da pandemia, essa taxa de retorno foi zero ou até negativa, o que implicava que você não obteria nenhum retorno seguro sobre o investimento após a correção pela inflação. Recentemente, essa situação voltou a ser relevante, o que é uma ótima notícia para quem poupa para investir. Atualmente, o rendimento dos títulos indexados à inflação está em torno de 2%, o que está próximo da média histórica. 

Muitas pessoas têm, e muitas deveriam ter, investimentos significativos em ações. Você pode ter uma boa ideia do retorno a longo prazo dos investimentos em ações observando o quão caro o mercado de ações está em relação aos lucros ao longo de 10 anos, o que é chamado de índice preço/lucro ajustado ciclicamente. O recorde foi de 45 durante o boom da internet no final da década de 1990, e agora está em 40, o mais alto desde então. Portanto, se você é um investidor agressivo em ações, tentando assumir alguns riscos e obter um retorno maior, este é um ambiente bastante assustador, porque as ações estão muito caras. Mas se você é um investidor conservador em títulos, apenas tentando proteger seu dinheiro, as coisas estão melhores do que estavam há alguns anos.